Capacitismo: o preconceito que ainda fingimos não ver!

O capacitismo é o preconceito mais silencioso, mais polido e, justamente por isso, mais cruel. Ele não grita como o racismo explícito, nem se disfarça de “cuidado” como o machismo. Ele sussurra, com voz doce, que “é para o seu bem”. E é nesse sussurro que destrói.

Capacitismo é o olhar que atravessa uma pessoa com deficiência para falar apenas com o acompanhante. É o tom condescendente, como se cada frase fosse um elogio por “tentar”. É a vaga de emprego que exige “boa comunicação” como desculpa para não contratar um autista. É a professora que chama de “preguiça” a sobrecarga sensorial de um aluno. É o elogio que começa com “nem parece que você…”

Ele se esconde nas calçadas quebradas, nos sites sem acessibilidade, nas reuniões que ignoram quem precisa de mais tempo para responder. Está no currículo escolar que não ensina sobre diversidade funcional, mas reforça que “normal” é um molde único — e quem não cabe nele deve se ajustar.

O capacitismo não vê corpos diferentes, vê corpos defeituosos. Não vê cérebros singulares, vê problemas a serem corrigidos. Ele não quer compreender, quer normalizar. E o preço dessa normalização é alto: a anulação de quem somos.

No caso do autismo, veste-se de treinamento comportamental para “ficar menos estranho”, de conselho para “olhar nos olhos”, de insistência para “aprender a ser como todo mundo”. E quando a pessoa não consegue ou não quer se encaixar, a culpa é dela. Sempre dela.

Combater o capacitismo não é “aceitar” a diferença como quem tolera uma goteira no teto. É reconhecer que essa diferença é parte legítima da humanidade. É entender que não somos exceção — somos a regra também. É arrancar pela raiz a ideia de que o valor de uma vida está em sua semelhança com um padrão inventado.

O mundo não é feito para todos. Mas poderia ser. E enquanto não for, cada silêncio diante do capacitismo é conivência.

Se você já disse “nem parece que você é…”, se já desviou o olhar, se já tratou a inclusão como “um favor”, você já foi parte do problema. Todos nós já fomos. A diferença está em quem decide continuar assim e quem decide mudar.

A mudança começa no desconforto. Começa quando você entende que não basta “não ser capacitista” — é preciso agir contra o capacitismo. Ouvir mais, supor menos, adaptar mais, exigir acessibilidade sempre.

Porque inclusão não é caridade. É justiça.


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